terça-feira, 14 de outubro de 2008

Coração-bomba.

Disseram-me que se escrevesse durante muitas semanas seguidas, sem quase parar para respirar, ia sentir uma enorme diferença. Deve ser mesmo para expurgar o que de merda existe para ser escrito, para depois escrever o que é bom. Mas é sempre a eterna questão do que é bom e do que é merda. Muitas vezes escrevo muita coisa que se encaixa perfeitamente na segunda categoria. Só não cheira mal, mas de resto está lá tudo. Ausência de ideias, discurso da treta, palavras mal escolhidas e sei lá mais o quê. Só não soa bem, pronto. Mas, também muitas vezes é mesmo escrever sem pensar, escrever tudo o que vem à cabeça. É como quem diz, fecha lá os olhinhos e escreve com o coração. Ora, se vem do coração devia ser bom, porque toda a gente diz que o coração é puro, e isto e aquilo. Eu não acredito muito nisso. Muito sinceramente, o coração não é todo encarnadinho e queridinho. Há, de certeza por lá, algumas personagens menos bem intencionadas, para equilibrar o ecossistema. Não é por acaso que o coração bate na onda do inspira-expira. Se fosse totalmente bonzinho só inspirava ou só expirava e, portanto, isso é que era sufocar. E, como sabemos, um coração sufocado fica doente, chegando mesmo a perder a cor. Se calhar, fica verde. O que para mim até nem é mau, porque sou do Sporting. Seja como for, o coração não pode ser uma coisa totalmente boa. Logo para começar é algo que bombeia. Ora nos tempos que correm, uma bomba é uma coisa que não é assim muito bem vista, por causa dos terroristas. Bem, matar pessoas não é uma coisa com que eu simpatize. Mas se fosse um terrorista de corações, aí sim, grande cena. Um gajo que se divertia a estoirar corações ao acaso. Divertido? Não sei. Eu não achava muita graça a que alguém tentasse fazer do meu um coração-bomba.

1 comentário:

Patrícia Trévidic disse...

gostei tanto que estou disposta a provar que não sou um robô (para deixar este comentário)