quinta-feira, 30 de outubro de 2008

10 gramas de beleza.

Era uma vez uma gata. Tão abelhuda, quanto bela. Nessa tarde, o seu coração batita, batia, batia, com um ritmo tão alucinante que parecia não parar nunca. Ela também não queria que parasse, na realidade. Alguém lhe havia roubado dez gramas de beleza. Por isso, por mais que tentasse aquilo não lhe saía da cabeça. Não conseguia estar sossegada. ‘Quem terá sido? Quem terá cometido tamanha desfaçatez?’, perguntou-se a gata milhares de vezes. Pouco depois, recebeu a notícia que o peixe tinha acabado. Logo hoje. Duas coisas no mesmo dia: menos beleza e menos peixe. E aquele salmãozinho tão fresquinho! É melhor que pôr kiwis nos olhos. E foi então que decidiu fazer um lifting e uma cirúrgia estética que é como quem diz, uma plástica. Mas primeiro passou pelo oculista e comprou duas lentes de contacto bem azuis. Quando tudo parecia encarreirar, eis que a sua senhora parecia endoidar: a dançar em sutiã em frente ao besuntoso do segundo andar. ‘Vou-me mas é esconder atrás do espelho, não vá levar com o sutiã, que a bem dizer não me serve de nada, ou com umas boxer em cima. Ai, Deus me livre, boxer não que é cão, ainda se fosse um persa. Mas que se mexesse que os mansos não me levam a lado nenhum.’ Mas, a surpresa estava para vir. Qual sutiã, qual boxer, o que lhe caiu em cima foi o jovem felino do besuntoso que também tinha vindo à festa, para não ficar sózinho. E se era assanhado o menino. O que é certo é que a gata quando se olhou de novo ao espelho nunca mais se lembrou que lhe tinham roubado as dez gramas de beleza.

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