quarta-feira, 13 de julho de 2011

Histórias do Norte – Cap: 6 - Amo-te, assim mesmo sem te conhecer bem

Amo-te desde o primeiro momento em que te conheci. Desde o primeiro olhar. Desde que percebi que te tinhas atravessado no meu caminho. Seria fácil dizer que as tuas formas discretas, mas cheias de sentido e de sentidos, me apanharam de surpresa. Seria ainda mais fácil dizer que cada detalhe teu me faz redescobrir-me ainda mais. Que cada coisa que me dizes, mesmo que não entenda nada, se descodifica naturalmente no meu léxico de todos os dias. Que ao pé de ti, ou mesmo em ti, me sinto em casa. Às vezes olho-te com aquela distância de quem apenas se conheceu ontem e pergunto-te ‘porquê?’. E a resposta é sempre a mesma ‘porque tinha de ser’. Porque mesmo que sejamos estranhos num outro país, a vida, aquela linha de que todos falam, acaba sempre por nos juntar. ‘Tinha de ser’. Aquilo não me saía da cabeça. Ao pé de ti, e em ti, estou feliz. Como um miúdo numa loja de Legos. Sinto-me mais perto de mim. Sei que talvez não seja fácil, mas ainda vou encontrar um adjectivo, por pequeno que seja, que consiga definir-te na perfeição. Não com exactidão, porque és muito mais que isso. Para mim foste, e és, uma das coisas mais fantásticas que a vida conseguiu embrulhar de presente. Sabes que com a outra mais importante ninguém consegue competir, não é? Cada vez que te olho ou percorro o teu corpo, não me interessa que sejas muito maior que eu. Que sejas bastante mais velha e vivida. Apenas me interessa, de uma forma cegamente egocêntrica, o que me fazes sentir. E mesmo que a nossa relação não seja mais que um flirt fugaz de alguns dias, sabes que te amarei para sempre. E isso não se diz a todas. Eu não te escolhi. Foste tu que o fizeste. Não consigo perceber nem quando, nem porque o fizeste. Apareceste-me do nada, um dia sem avisar. Eu sempre soube que um dia havíamos de estar juntos. E agora estamos. Ambos sabemos que para já, não será para sempre. E que relações à distância nunca dão os melhores resultados, para além de e-mail bacocos e colecções de selos. Por isso, vou aproveitar-te até ao último momento. Ouvir o teu respirar quando acordo. O teu silêncio quando adormeço. A tua pose do meio-dia, ou as notas de música que ofereces quando te percorro de um lado ao outro. Sei agora que realmente me conquistaste como nenhuma outra. Tenho apenas aquela sensação de pena. Sim, de pena, de não ter tido tempo para ser eu a conquistar-te também. Bem, vou andando. Amo-te Copenhaga.

4 comentários:

Cassandra disse...

That one nearly fooled me. Gosto das palavras que usa. E da forma como as compõe. Parabéns.

Pena Frenética disse...

Obrigado:)

Patrícia Trévidic disse...

gostei especialmente disto: cada detalhe teu me faz redescobrir-me.

Pena Frenética disse...

Obrigado Patrícia:) até já.