segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Atordoada não é morta

Esta manhã quando abri o armário ali estava ela. Morta para sair dali. E eu mortinho por ela lá continuar. Empurrámos a porta um contra o outro. Ali estivemos durante uns cinco minutos. E cinco minutos de manhã é uma eternidade. Quase que me atrasava para apanhar o metro. E cinco minutos de metro são para aí duas ou três estações. Por fim, e depois de alguns empurrões mais drásticos lá a voltei a colocar dentro do armário. Mas desta vez, ao contrário de há dois anos atrás, ela estava a querer voltar à vida em grande força. Hoje ainda conseguiu pôr cá fora quatro memórias e um momento único. E eu que pensava que já tinha eliminado tudo o que era preciso para ela se manter morta. Mesmo morta. Mas desta vez, quando a empurrei foi de vez. Pela fechadura, enchi-a de momentos cheios de presente. Ela não resistiu. Era mais forte que ela. E o presente é sempre mais forte que o passado.

2 comentários:

T disse...

A vida é tramada. Há momentos desgastantes. Até estamos bem mas a história da vida vem atrás e extenuamos. É impossível resistir. Resistir a pensar. Resistir a sentir. Possa. Parece que demora mais. Enfim, olhamos mais uma vez para o lado e o alento aparece. Não sei de onde mas aparece. E tranquiliza. E o momento passa.

Patrícia Trévidic disse...

http://www.youtube.com/watch?v=Qxv9s3PTIzY&feature=related