domingo, 15 de fevereiro de 2009

O dia dos namorados

Se alguém detestar tanto o dias dos namorados tanto como que detesto, por favor acuse-se. Detesto o dia dos namorados, já devem ter percebido. Detesto-o tanto como café com açúcar. O café quando se junta com o açúcar fica sem personalidade. Parece que levou um lifting para agradar não sei bem a quem. Agarra-se por todos os meios, primeiro à língua, depois pela garganta, até encontrar o estômago. E aí já não ter qualquer hipótese de voltar a ser café puro. O dia dos namorados parece café com açúcar. Risadinhas parvas, abraços escondidos quando abre a porta do elevador, cruzando olhares ainda mais parvos com quem tenta entrar, flores ridículas que passam de mão em mão, menus especiais (há o menu docinho, o menu Valentim – em letra maiúscula por respeito ao Santo, o menu do amor, o menu dos 5 sentidos, o menu para dois – ou para três, dependendo do grau de instrução e de abertura de mente do casalinho, o menu pôr-do-sol, o menu Ao Luar, o menu enfim sós, o menu heart attack, o menu honey bunnie, o menu my darling, o menu I wanna be kissed by you, enfim...).
Especialmente este dia dos namorados foi-me particularmente penoso. Até uma flor, sem culpa nenhuma, me veio parar à mão, como se eu tivesse a obrigação de a ter comprado e oferecido a alguém. Neste dia tudo tem um ar meloso que parece estar ali por acaso. Como se nos outros dias esse ar possa estar completamente alheado e ninguém acha estranho. Discutir, estalar a namorada ou namorado num dia qualquer tudo bem, desde que a 14 de Fevereiro ande toda a gente aos xoxos e em jantares pseudo-românticos, com velinhas e tudo. Detesto o dia dos namorados e nem sequer tem a ver com visões mercantilistas. Detesto-o porque tudo me soa a falso e sem a mínima graça. Para além de que já não se suportam tantos corações voadores que aterram em montras totalmente desesperadas esperando que algum rapazinho ou rapariguinha repare nelas. Bem, já disse que detesto o dia dos namorados, mas ainda consigo detestar mais um risotto que cozeu demais.

1 comentário:

Anónimo disse...

O dia dos namorados nunca me disse muito.

Mas não direi que o detesto. É verdade que muitas vezes soa a falso, é verdade que muitas vezes é mesmo falso. Mas não será o dia em que muitos casalinhos aproveitam para fazer aquele programinha que há muito queriam fazer? Por falta de tempo, por desleixo, (por falta de vontade?) acabam por deixar os dias passarem.

Se existe um dia em que se esquecem os problemas diários, em que se esquecem as brigas e as zangas e em que se deixa falar mais alto o amor, então que sejamos felizes pelo menos um dia por ano.

Não detesto o dia dos namorados, detesto que não existam mais dias dos namorados.