quarta-feira, 1 de junho de 2011

De-certeza-absoluta

Porque raio pregaram este semáforo bem no meio do meu caminho?, gritou para dentro com todo o fulgor que os seus pulmões lhe permitiam naquele momento. Verde, encarnado, verde, encarnado. Será que não podia passar à tangente pelo laranja? Será que o semáforo está mesmo no meu caminho ou será que sou eu que imagina por lá? Miguel pensava, cada vez com mais força de vontade, se não se teria enganado algumas ruas atrás e cortado à direita, quando o fadinho lhe dava toda a prioridade pela esquerda. Talvez fosse isso mesmo e este compasso de espera não passasse de um pedaço perdido da sua imaginação. ‘Fértil’, afirmou 'é o que todos dizem'. Apesar disso lhe vir à cabeça neste momento, Miguel não encontrava a resposta mesmo depois de ter revoltado memórias e pensamentos, não conseguindo voltá-los a pôr no mesmo sítio. ‘Depois arrumam-se.’ Dizem que tudo se arruma, de uma maneira ou de outra. Essa era a sua luzinha. A única coisa em que quase podia confiar. Mesmo que os seus dias de hoje se fizessem mais de dúvidas do que de qualquer outra matéria, Miguel tinha, porém uma única certeza que gritou para quem quis ouvir: ‘não admito competir com a banalidade. Não será justo para ela.’