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segunda-feira, 2 de maio de 2011
Cola-cola
Miguel olhava para o seu coração outra vez. Era a vigésima quinta em poucos minutos. Já se sentia incapaz de ver em quantos pedaços estava partido. Talvez antes partido que em teia-de-aranha. Assim não parece que está, mas não está. Desejou que fosse um puzzle onde pudesse juntar todas as peças, mesmo que sem números por trás, e fazê-lo funcionar de novo. Sempre odiou ter de apanhar cacos e colá-los uns aos outros. Dá sempre um Frankenstein. E Miguel odiava o seu coração-Frankenstein. Desta vez, porém não parecia haver solução à vista. A única dúvida é se deverá ser com Supercola3 ou HUH para papel.
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1 comentário:
E é então. É então que passados os dias. As horas. Os minutos.
Que são os mais difíceis de passar.
É então. Que quando se habituou a viver com cacos no lugar de coração. Que quando se acostumou ao desalento de um coração que não bate. Que está estragado. Que desistiu. É então. Que de repente. Tudo muda. Que percebe que não precisa de cola. Que não precisa de nada. A não ser de outra vez. Que afinal o coração nunca esteve em cacos. Nem em teia-de-aranha. Que esteve lá sempre para ele. Ele é que não o quis. Naqueles dias. Naquelas horas. Naqueles minutos.
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