sábado, 14 de maio de 2011

Destino-remarcado

Miguel pensou ‘O meu futuro é o presente. É o hoje, o aqui, o agora.’ O sinal vermelho caía. O presente também. O passado desmoronava-se a cada palavra. Até um simples castelo de cartas era mais sólido e forte. Miguel fechava os olhos. Recusava-se a ver o presente. O sinal verde abriu. O presente era envenenado. A vida passava a intermitente. Miguel recusava-se a abrir os olhos, alagados agora em lágrimas, que vinham da nascente das entranhas. As entranhas pouco podiam fazer, a não serem elas mesmas. O sinal ficou encarnado. Miguel por ali se ficou mais uns momentos, antes de seguir em frente. O choque era inevitável. Miguel sabia-o bem, desde o primeiro momento. Evitava-o a todo o custo. Construiu argumentos e descobriu evidências e sinais. Mas o destino estava mesmo traçado. E com o destino não se brinca, pensou Miguel. O destino sabe sempre muito mais que eu.

Sem comentários: